sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Aqui era a terra de Nheçu
Séculos se passaram e a nossa verdadeira história está ressurgindo…Foram idéias esparsas, recolhidas ao longo das estradas, que vieram nos falando de vozes e cantos em liberdade, vivendo em plena harmonia com a mãe-natureza, respeitando povos e culturas diferentes, sem impingir a mácula do pecado das cruzes e da ganância das riquezas dos paraísos.Estes ideais podem estar assim ressurgindo, recuperando a verdadeira história do Cacique Nheçu e sua tribo guarani-mbya, através de livros, documentários e DVDs, filmagens de curta, média e até longa metragem!Uma realidade que poderá ser possível a partir apenas de Roque Gonzales…e para tanto, Giani Schmidt da Silva (Payador), João Weber Griebeler, Adriano Reisdorfer, Nelson Hoffmann e Marco Marques (Colelo) estão trabalhando. (JWG).
Missões: história e mitos
Vou citar alguns exemplos, que estão aqui, ao nosso lado, em Roque Gonzales. O conhecimento existente é meio que utópico, ufanista, oriundo de teorias livrescas, sem atinar com a geografia e a realidade do local, caso do Cerro do Inhacurutum, onde se apregoa que o Cacique Nheçu, “vivia” no cerro, local que possuiria “750” metros de altura, etc. e tal. Bom, como chefe indígena respeitado que era, Nheçu possuía enorme clã familiar, com cerca de 30 esposas e como todo esse parentesco de sogros e sogras, cunhados e cunhados, tios, primos, crianças, avós e etc., não poderia, obviamente, habitar uma diminuta e estreita superfície como é o ápice do Cerro do Inhacurutum, por isso, tinha de se localizar a aldeia na base do morro, e em todos os arredores. Em relação à altura do Inhacurutum, considerada como o ponto mais alto das Missões, haveria de se descontar o nível do mar dessa altitude, outros, porém, que cansaram de subir e descer a pé, dizem que é menos de 300 metros e, alguns, com a fita métrica na mão, juram que se medindo verticalmente, a altitude verdadeira não passa de 172 metros! Outro ponto falho, também originário de um conhecimento essencialmente livresco da história, refere-se a citação apenas do Cerro do Inhacurutum como ponto de observação dos precavidos índios guarani de Nheçu. Ora, indo ao local, percebe-se que para quem desejaria controlar o movimento de pessoas na mata, rondando o Rio Uruguai, vindas das bandas da Argentina e do Paraguai, caso do padre jesuíta Roque Gonzales, nos idos de 1620, o melhor ponto de observação seria o Serro Pelado, em Porto Xavier, com uma visão magnífica de toda nossa atual fronteira! (JWG).
O Herói Nheçu
João Weber Griebeler
Os artigos que publicamos na edição 141 do Jornal Igaçaba, deram origem a comentários e bate-papos, havendo até sugestão de se organizar uma entidade de amigos para recuperar o passado de lutas e bravura do cacique Nheçu, sempre tão esquecido, naqueles tempos idos do Rio Grande do Sul espanhol e, antes dos tempos hispânicos, do tempo Nheçuano, pois o maior líder indígena a se rebelar e perseverar na manutenção de sua cultura autóctone foi o cacique Nheçu. Aí começaram a aparecer os entraves: o nome dessa organização poderia ser “amigos de Nheçu”, no idioma guarani mbya, mas ali, não tem a denominação de “amigos”, pois quando se pensa “índio”, o imaginário se restringe a situações concretas. O índio tem um circulo familiar restrito. O “amigo”, muitas vezes, é o da onça! A palavra mais aproximada que encontramos foi a de irmão, desde que da parte da esposa. Importantes observações morfológicas dali saíram advindas: a mulher era mais importante na sociedade tribal guaranítica do que a história oficial conta - ela era, e continua sendo nos dias atuais, a pessoa que mais trabalha na família. Por isso o cacique se tornava poderoso e influente a partir do momento em que tinhas várias esposas. Irmão, portanto, valia muito e se tornava bajulado, se tinha irmãs!
Os artigos que publicamos na edição 141 do Jornal Igaçaba, deram origem a comentários e bate-papos, havendo até sugestão de se organizar uma entidade de amigos para recuperar o passado de lutas e bravura do cacique Nheçu, sempre tão esquecido, naqueles tempos idos do Rio Grande do Sul espanhol e, antes dos tempos hispânicos, do tempo Nheçuano, pois o maior líder indígena a se rebelar e perseverar na manutenção de sua cultura autóctone foi o cacique Nheçu. Aí começaram a aparecer os entraves: o nome dessa organização poderia ser “amigos de Nheçu”, no idioma guarani mbya, mas ali, não tem a denominação de “amigos”, pois quando se pensa “índio”, o imaginário se restringe a situações concretas. O índio tem um circulo familiar restrito. O “amigo”, muitas vezes, é o da onça! A palavra mais aproximada que encontramos foi a de irmão, desde que da parte da esposa. Importantes observações morfológicas dali saíram advindas: a mulher era mais importante na sociedade tribal guaranítica do que a história oficial conta - ela era, e continua sendo nos dias atuais, a pessoa que mais trabalha na família. Por isso o cacique se tornava poderoso e influente a partir do momento em que tinhas várias esposas. Irmão, portanto, valia muito e se tornava bajulado, se tinha irmãs!
Nheçuano, em vez de missioneiro...
A idéia de denominar os naturais da região missioneira de “nheçuanos” partiu do Giani Schmidt da Silva, por ser algo mais autêntico, já que Missões, assim como a espanhola Cruz Caravaca, de dois braços, seriam lembranças do domínio do império espanhol, quê, em certo período, foi absoluto em todo o mundo. Dias desses, comprovei o acerto dessa opinião, pela dificuldade da maioria das pessoas do país em dimensionar o que seria a região das Missões. Eu já tinha percebido isso em conversas com mineiros, capixabas, etc., entretanto, no dia 23/04, escutando pela internet, no computador, a rádio Antena 102 FM - 24 horas ao vivo para todo o planeta - clique para ouvir -, de Jales (SP), na região do Oeste Paulista, mandei mensagem pedindo a música “Os Amantes” com o Daniel, dizendo que era de Roque Gonzales, nas Missões, fronteira com a Argentina. Eles atenderam amavelmente e até registraram no programa sertanejo, dizendo, porém, que eu estava em Roque Gonzales, desempenhando uma “missão”! (JWG).
o que fizeram com teu povo, Tupã?
A igreja da Catedral de Santo Ângelo, uma quase réplica da de São Miguel Arcanjo, que existiu na época dos Sete Povos, é a sede atual da diocese das Missões, passando por uma longa reforma, interna e externa, que lhe tirou do interior a polêmica pintura do artista Tadeu Martins, feita na década de 1990, e que representava os índios guarani em frente ao crucifixo e os padres jesuítas. Dizem que a obra não era arte sacra para constar num altar devocional... Mas, a dita cuja ficava velada por panos durante as celebrações religiosas, para não ofender a moral por mostrar os indígenas seminus. Numa paródia, como diria o astrônomo Galileu Galilei, que teve de jurar que a terra não girava em torno do sol: “Mas as índias viviam mesmopeladas”! Na mesma seqüência de reformas no centro histórico de Santo Ângelo, a Praça Pinheiro Machado ganhou, em cada canto, uma Cruz Missioneira, aquela de dois braços, originária da Espanha como Cruz de Caravaca, para ser uma forma de “proteção”, sendo também vendida como relíquia para carregar no peito em um colar para propiciar bons eflúvios. Também serão feitas 30 colunas, simbolizando os 30 Povos, um arco, uma rosa dos ventos, ponte, pira de fogo e fonte de água, mais um relógio do sol, pedra dos desejos, uma árvore de erva mate, um anjo de bronze e um “indiozinho”, pois, também tinham índios nas reduções jesuíticas!
Antes, o mundo (e os índios) existia!
O Rio Grande do Sul teve início com a vinda do Padre Roque Gonzales, lá por 1619, quando começam a haver as primeiras tentativas de penetração do que viria a ser, futuramente, o solo gaúcho. Com um pouco de investimento em pesquisas históricas, nós podemos provar, “preto no branco”, como diriam os antigos, que o primeiro local que o homem branco colonizador (o Padre Roque) pisou no RS foi na Linha Itaquararé no Distrito do Rincão Vermelho! Basta querer demonstrar tal fato de maneira insofismavelmente, com provas históricas e, é bom que isso seja feito logo, antes que a água da barragem da Usina Binacional de Garabi, a ser construída em Garruchos, inunde o local! O Passo do Padre em São Nicolau foi palco da 1a missa em solo gaúcho, ninguém está questionando isso, mas para que tal fato ocorresse, houveram inúmeras tentativas, sempre repelidas pelos índios indômitos. Melhor dizendo, o Padre Roque Gonzales chegou a cruzar o Rio Uruguai e pisar em terras rinconenses, mas logo saiu corrido dali, devido ao fato de ser nossa região, então, um baluarte do poderoso Cacique Nheçu, privilegiado com os postos de observação do Serro Pelado (Porto Xavier), Cerro do Inhacurutum (Roque Gonzales) e Cerro do Monge, na Argentina. Aliás, é o papel guerreiro e independente dos índios guarani, ainda sem o cabresto da religião, principalmente do Cacique Nheçu, que ainda não foi devidamente dimensionado pelos arremedos e tentativas de explicar a verdadeira História das Missões. Os padres jesuítas, a serviço do reino da coroa espanhola, o mais poderoso império colonialista da época, atacaram logo a fonte do poder de influência dos caciques e pajés: a poligamia. Dizem que Nheçu tinha 30 esposas. Ora, eram também 30 famílias a pelear pelos interesses do genro e cunhado, daí o imenso alcance do clã familiar numa sociedade que não tinha dinheiro para comprar vassalos, nem cargos públicos para pendurar os aliados… Ao atacar esse modo de vida tribal primitivo, os padres jesuítas demoliam a estrutura e força política local dos autênticos líderes, como Nheçu. A Europa recém saia do período de trevas da Idade Média e ingressava, pobre e com fome, no Renascimento, que se tornava faustoso com as riquezas do ouro e da prata, roubados pela cruz e espada, aos índios nas Américas! O Giani Schmidt da Silva, também músico e irmão do Beto Gonzales, tem uma interpretação original para com a verdadeira devoção que todos os municípios das Missões prestam embevecido culto à Cruz de Caravaca, aquela que existe em todos os trevos de acessos às nossas cidades missioneiras. (JWG).
E se fosse assim?...
João Weber Griebeler
Existe na literatura uma forma da narrativa onde se explora a possibilidade de determinados acontecimentos terem se passado de forma diferente no passado, influenciando a história atual. É o fenômeno do “e se fosse assim?…” Pois, fazendo uma espécie de História Alternativa, poderíamos recontar a trajetória do cacique guarani Nheçu, depois do confronto com os indígenas cristianizados, o que foi uma chacina, em nome de Deus, e sucedeu após o martírio dos três padres jesuítas, Roque, Afonso e João, em 1628. Uma espécie de Armagedon, a batalha final da resistência ao domínio espanhol, com as forças de Nheçu, com número girando em torno de 500 guerreiros enfrentando aproximadamente 1.200 índios leais à Coroa Espanhola (veja-se a força da aculturação: jogar irmãos índios contra eles mesmos, tendo apenas como base os presentes em forma de bugigangas), pois não foi o soldado espanhol o que massacrou os índios rebelados, mas o próprio índio! Entretanto, voltando a nossa hipotética história, Nheçu em hábil manobra, ronda a aldeia de colonização espanhola, chamada de Buenos Aires, lá se enrabichando e apreendendo uma bela jovem, ofuscante como os raios do sol, que poderia ser a atriz Luana Piovani, que ficaria deslumbrada com o TERERÊ (*) de Nheçu, sorvido nas calmas tardes do verão, ouvindo o murmúrio do Regato da Coruja. Não vou desenvolver mais esta possibilidade, pois periga de gostar a até escrever um romance ficcional… (*) Chimarrão com água fria (e daí, achastes que tinha geladeira, em 1628?...).
Existe na literatura uma forma da narrativa onde se explora a possibilidade de determinados acontecimentos terem se passado de forma diferente no passado, influenciando a história atual. É o fenômeno do “e se fosse assim?…” Pois, fazendo uma espécie de História Alternativa, poderíamos recontar a trajetória do cacique guarani Nheçu, depois do confronto com os indígenas cristianizados, o que foi uma chacina, em nome de Deus, e sucedeu após o martírio dos três padres jesuítas, Roque, Afonso e João, em 1628. Uma espécie de Armagedon, a batalha final da resistência ao domínio espanhol, com as forças de Nheçu, com número girando em torno de 500 guerreiros enfrentando aproximadamente 1.200 índios leais à Coroa Espanhola (veja-se a força da aculturação: jogar irmãos índios contra eles mesmos, tendo apenas como base os presentes em forma de bugigangas), pois não foi o soldado espanhol o que massacrou os índios rebelados, mas o próprio índio! Entretanto, voltando a nossa hipotética história, Nheçu em hábil manobra, ronda a aldeia de colonização espanhola, chamada de Buenos Aires, lá se enrabichando e apreendendo uma bela jovem, ofuscante como os raios do sol, que poderia ser a atriz Luana Piovani, que ficaria deslumbrada com o TERERÊ (*) de Nheçu, sorvido nas calmas tardes do verão, ouvindo o murmúrio do Regato da Coruja. Não vou desenvolver mais esta possibilidade, pois periga de gostar a até escrever um romance ficcional… (*) Chimarrão com água fria (e daí, achastes que tinha geladeira, em 1628?...).
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Memória insepulta
JWG
Sou o esqueleto tenebroso
dos bravos massacrados
na história insepulta.
Minha tribo aqui existiu.
Posso escutar os passos
da onça a nos espreitar.
Um dia veio o homem branco
Mau, feroz e matou
todos os índios.
Ficaram as glórias da conquista
na memória dos vencedores
que recordam os “selvagens” guarani!
Boletim Igaçaba no 5, outubro, 1997
Sou o esqueleto tenebroso
dos bravos massacrados
na história insepulta.
Minha tribo aqui existiu.
Posso escutar os passos
da onça a nos espreitar.
Um dia veio o homem branco
Mau, feroz e matou
todos os índios.
Ficaram as glórias da conquista
na memória dos vencedores
que recordam os “selvagens” guarani!
Boletim Igaçaba no 5, outubro, 1997
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
História Guarani
João Weber Griebeler
Potí era um índio guarani que vivia próximo à recém implantada redução jesuítica de Assunção do Ijuí. Tendo aceito a catequização dos padres missionários, seus tempos de vidas nômade e errante tinha sido trocados pelo conforto e segurança que a palavra do nandejara Jesus Cristo oferecia para seguidores.Os alvores deste amanhecer começam a desfazer a neblina e as brumas da noite. As águas do Rio Ijuí surgem límpidas a sua vista. O dia primaveril de 1628 surge então como todo o seu esplendor. Apicaçu voa e canta por sobre cáagaçu.
Nesta manhã, Potí está pensativo, a contemplar o verde das matas e os campos, aqui e acolá cultivados por seus irmãos de tribo.
Sua noitada de sono e repouso havia sido péssima, sendo causadora disso a longa conversa mantida com o cacique Nheçu, que desenrolava ao pé da fogueira até altas horas da noite. Nheçu cruzara o rio num igaratim e vieram cheio de planos e idéias, dispostos a usar de todos os argumentos para persuadir o índio que estava aceitando a doutrina cristã. Nem o canto do urutau atrapalhara, embora Potí tivesse ficado meio receoso com esse mau presságio.
Suas reminiscências ancestrais haviam sido despertadas pelas espertas palavras do cacique. Potí recordara então que o tempo de frio tinha trocado de lugar com o tempo de calor por muitas vezes desde que ele fora considerado um guerreiro valente e valoroso para a tribo. O som da inúbia não mais acariciara seus ouvidos deste aquela época e ele vivera somente para a tristeza desde então. Como ele pudera se esquecer disso?
Novamente as palavras de Nheçu retomar a sua memória e ficam ali ressonando, cadentes por demais perturbadoras.
“Onde estão as nossas tradições? A nossa gloriosa liberdade? Desde que vieram os abunas e criaram os abambae perdemos tudo. Para os guaranis, eles são mais perigosos que a boicininga. Ontem tínhamos as caçadas, comíamos a carne da capivara e do tatu. Hoje, nem temos mais o abati para saciar nossa fome. Quando nossa cunha-caraí está velha demais, já não podemos mais ter a pele macia das cunhataí para nos aquecer no inverno. Que índios ainda somos? Pois eu te digo, Potí, que estou voltando de uma conjura com os caroguaras e o destino dos abunas já está traçado!”.
Potí mergulhou em angústia profunda com reflexões. Se o causador de tantos males que estão afligindo seus irmãos de tribo é mesmo o homem branco das rezas, porque então não exterminá-lo de vez, como sugerira Nheçu em sua despedida? O abuna daquela redução é um homem só e ele, Potí, sempre fora um guerreiro acostumado com a luta e a enfrentar qualquer inimigo de peito aberto.
O choro de seu colomi soa no interior da oca. Faz dois dias que ele está dente. Não adiantara nem um pouco a vinda de Nheçu, tão famoso em curar doenças só com seu olhar poderoso. Anhá não cedera seu espaço e o estado de saúde da criança estava piorando a cada momento que passava.
Potí vivência então um drama interior, entre suas crenças reavivadas por Nheçu e por sua nova fé cristã. De um lado, sabe que sua cunha-caraí não poderá lhe pari outro colomi, também sabe que para ir ao íbaga, quando morrer, não poderá ter duas mulheres. Isso lhe explicara muito bem aquele abuna João de Castilho, pois talvez seu tupã seja mais forte que as caretas de Nheçu. A salvação de sua raça é o que mais lhe importava nesta hora. O abuna que ele pensara em matar há poucos instantes talvez venha a salvar seu colomi!.
A noite é longa. Depois do urutau, é o mbopí que sobrevoa a oca de Potí. Quando cuarahi surge no horizonte, sua cunha-caraí volta para casa com o colomi já aliviado de seus males. Tupã fora misericordioso.
Quando chega na porta da oca, ela vê confirmado todos os negros presságios, pois Potí faz no solo, prostrado, morto que fora pelo golpe dado com o igaçaba. Nheçu não perdoara a hesitação do índio. Suas pregações que cabariam por levar ao martírio aos abunas Roque Gonzales, Afonso Rodrigues e João de Castilho, não podiam ficar abrigadas em corações devotos `a fé no tupã dops brancos e por isso ordenara a execução de Potí.
GLOSSÁRIO
- abati, milho
- abambae, bem coletivo da comunidade, coisa pública.
- abuna, padres, jesuítas.
- anhá, demônio.
- Apicaçu, pomba.
- Boicininga, cascavel.
- cáaguaçu, floresta.
- caroguaras, habitantes da Redução jesuítica de Cáaró
- colomi, menino.
- cuarahi, sol
- cunhataí, moça, virgem .
- cunha-caraí, esposa.
- íbaga, céu.
- igaçaba, vaso, pote d’água
- igaratim, barco de tamanho médio, de uso dos caciques.
- inúbia, flauta, trombeta de guerra.
- mbopí, morcego.
- nandejara, nosso senhor.
- sapucaí, gritos.
- oca, choça.
- uratau, pássaro noturno, de pio lúgubre e pressago.
- tupã, deus.
Cerro do Inhacurutum
A região das Missões, no território do Estado do Rio Grande do Sul, desde a colonização pelo homem branco, foi uma área fronteiriça entre os dois impérios que comandavam o mundo da época (cerca de 1600), a Espanha e Portugal, antes de pertencer ao domínio do reinado português, ela pertencia à Coroa Espanhola, em “conquista” oficial realizada pelos padres jesuítas, da Companhia de Jesus, a partir de 1626.Vem desde essa época, a origem de expressões e culturas espanholas, como Missões, a onipresente Cruz de Caravaca (àquela de dois braços), que decoram os trevos de acesso da Região Missioneira, em prova inconteste do poderio espanhol, que em certa época, dominou o mundo…Esta situação era confirmada pelo Tratado de Tordesilhas (1494). Entretanto, essa dominação espanhola era mais teórica e até certo ponto estéril, pois não ficaram tradições e costumes, além das denominações.Mais forte eram os costumes dos primeiros senhores desta Tierra Colorada, os índios Guarani da etnia Mbya!O tempo de glória indígena foi sob o reinado do Período Nheçuano, do Cacique Nheçu.Nheçu foi o primeiro chefe indígena que ousou se opor à mudança de seus costumes ancestrais, trazida pelos padres da Companhia de Jesus, os quais, ardilosamente, buscavam enfraquecer o poderio dos caciques, simbolizado pela união com outras famílias, através dos vários casamentos do cacique com diversas esposas, dando uma prova de sua influência tribal pela união com estas famílias...As tribos Guarani variavam até um máximo de 300 índios e a de Nheçu estava baseada nas proximidades do Cerro do Inhacurutum - o arroio da coruja - (fotos), devido a exuberante mata, proximidades com o Rio Ijuí (o meio de transporte era a canoa) e ao excelente ponto de observação representado pelo Cerro, que é a maior elevação das Missões.No topo do Cerro, Nheçu postava sentinelas de aguçado olhar, que lhe informavam sobre a movimentação do invasor espanhol, em terras hoje argentinas, até que os jesuítas começaram a ultrapassar o Rio Uruguai e a invadir o Território Nheçuano…(JWG)
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Localização
O Cerro do Inhacurutum se localiza no município de Roque Gonzales, a cerca de 20 km da cidade. Dentro de pesquisas que vem realizando em sucessivas escaladas ao local, o Giani (Payador) Schmidt da Silva esteve auferindo a altura do Cerro, pois o mesmo é considerado o ponto de maior elevação da região das Missões, mas esta informação vinha sendo algo polêmica, pois enquanto alguns falavam em 700 metros, outros mencionavam o desconto do nível do mar, baixando aí para 500 metros e por aí vai…
Dessa forma, o Giani, acompanhado pelo Cleiton U. Ledur, Técnico Agrícola (CREA 157495), esteve medindo via satélite a altura do Cerro e as Coordenadas Geográficas obtidas foram as seguintes:
Norte - 6898044,04 e, Este - 692124,620.
Cota ao nível do mar: 304,15 metros
Altura no local: 176,20 metros. (Dados GPS).
Dessa forma, o Giani, acompanhado pelo Cleiton U. Ledur, Técnico Agrícola (CREA 157495), esteve medindo via satélite a altura do Cerro e as Coordenadas Geográficas obtidas foram as seguintes:
Norte - 6898044,04 e, Este - 692124,620.
Cota ao nível do mar: 304,15 metros
Altura no local: 176,20 metros. (Dados GPS).
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