Do alto do Cerro...

...seculos de história indígena te contemplam e, ele, Nheçu, foi um dos primeiros líderes a perceber os problemas que a aculturação branca trazia para o continente de Nuestra America del Sur!

sábado, 4 de setembro de 2010

As inverdades das Missões

Um dos percalços de quem procura divulgar Nheçu e a Primeira Fase das Missões (1610-1637)refere-se ao dualismo histórico entre esta, realizada sob domínio espanhol e a Segunda Fase (1682-1767), já sob domínio luso.
Tenho aqui comigo guardado um recorte do jornal Zero Hora, do dia 06/06/1988, páginas centrais do 2 caderno, onde se relta das comemorações dos 300 anos das Missões, que, sob este prima, teria seu início ocorrido somente em 1682!
O interessante é a entrevista com o cineasta Sylvio Back, catarinense de Blumenau, que entre outros filmes, produziu “República Guarani” (1982), na qual ele diz que - as reduções tem transmitido uma idéia ingênua da existência de um pacto social e espiritual entre jesuíta e néofito (índio), e nisto teria residido sua longevidade. Segundo o cineasta, o universo catequético que iniciou com os padres jesuítas ampliou-se ao infinito. (...). “A Igreja Católica, que continua embalada pela mesma estratégia de ocupação ideológica da mente do indígena, agora está disputando clientela com dezenas de outras religiões, seitas e quetais, sob a mesma cumplicidade do estado. Não é sem razão que, sintomaticamente, o indígena continua encontra-se mais sitiado do que há 300/400 anos”, conclui Back.
Falso conhecimento das Missões
Uma falta de aprofundamento do que foi realmente a vida nas reduções jesuiticas, está contida na afirmação de que nelas não existiam livros!
Ora, o padre João de Castilho foi aprisionado pelos guarani quando estava lendo um livro de rezas, em 1628 e, o padre Roque Gonzales teria, contam por aí, traduzido para o idioma guarani o catecismo, nos seus tempos de Assunção do Paraguai!
Neste sentido, também muito interessante é a entrevista de Kollontai Diniz feita com Fernanda Verísimo, realizada para o portal Brasiliana, acerca da “Imprensa Jesuitítca-Guarani no Paraguai”. Fernanda é jornalista e doutoranda em História Moderna e Contemporânea pela universidade de Sorbone, de Parias (França).
A entrevista ocorreu pelo fato de que a Brasiliana da Universidade de Sao Paulo - USP, digitalizou dois livros das missões jesuitícas do Paraguai: Arte de la lengua guarani, de Antonio Ruiz de Montoya e o Explicacion de el catechismo en lengua guarani, de Nicolas Yapuguay, ambos impressos em 1724 no Pueblo de Santa Maria La Mayor, sendo livros muito raros, parte do que restou da produção de livros nas missões jesuíticas no Paraguai, que chegou a existir no período de 1700 a 1727.
Estes livros trazem o emblema do fato de terem sido as primeira manisfestações do vocabulário das línguas indígenas que até então não tinham sido escritas.
Para se ter uma idéia da tremenda riqueza que representam estes livros, o Diferencia entre lo temporal y eterno, impresso em 1705, trazendo 43 gravuras, do qual só existem dois exemplares do mundo, localizados na Argentina, já teve proposta de compra (recusada pelo colecionador!) numa oferta superior a dois milhões de euros!
Obs. - tive acesso aos dois livros graças a divulgação da Biblioteca Digital Curt Nimuendaju. (JWG).

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