O Dia do Índio foi criado no Brasil pela Lei no 5.540 no ano de 1943 por Getúlio Vargas, sendo a data escolhida o dia 19 de abril para ser comemorado em todo o continente americano, durante reunião do 1o Congresso Indigenista Interamericano, ocorrido no México em 1940.
Nesse dia são realizadas em muitas escolas e entidades amigas indigenistas, palestras, apresentados cantos e peças teatrais, e degustados pratos típicos da culinária primordiais.
Em Roque Gonzales, teríamos algo mais a dizer, por causa do líder Nheçu, que aqui mantinha a base de sua tribo, trazendo do Salto Pirapó a alimentação por meio da pesca de peixes e do Cerro do Inhacurutum, o ponto de concentração da força da tribo guarani na região.
Uma curiosidade a respeito da logística nheçuana está nas distâncias a serem percorridas por seus guerreiros, os famosos 20 quilômetros (um dia de caminhada acelerada na mata), 50 (dois dias) ou 70 quilômetros (três dias), onde tendo o Salto Pirapó como base, se enxerga o pico do Cerro do Inhacurutum e de lá, se abrange o Rincão Vermelho, que é onde provavelmente foram realizados os primeiros passos do Padre Gonzales em terras gaúchas e, mais além, Caaró, ponto máximo da revolta e ira nheçuana.
Aliás, é durante o inverno de 1628 que ocorrem as atividades da rebelião de Nheçu. Enquanto o frio gelava as madrugadas da região nheçuana, fervilhavam na mata os ideais de volta aos cultos e modo de vida ancestral.
Nheçu teve seu império aqui, nestas terras vermelhas, e roxas, nos anos de 1620, tendo entrado para a história com o martírio infligido aos Três Mártires Jesuítas, os padres Afonso Rodrigues, João de Castilho e Roque Gonzales, em 1628.
Sua atitude foi um ato de reação à aculturação imposta pelo Império Espanhol, através da Congregação Inaciana, que eram os soldados de Cristo à procura da conversão de almas “selvagens”, sendo que até então, os índios não tinham alma e, por causa de recente Bula Papal, buscava-se sua conversão ao cristianismo.
Observe-se que toda essa conjuração de Nheçu, não foi combatida pelas armas dos soldados da Espanha, mas sim por índios convertidos, e cooptados, à nova fé.
Muito dessa história ainda está por ser dito, no resgate da cultura autóctone que se procura fazer por meio de historiadores.
Por João Weber Griebeler – escritor
domingo, 28 de agosto de 2011
Guerreiro das sendas (I)
Ao procurarmos destrinchar os primórdios da História da nossa região missioneira da época do grande cacique Nheçu, devemos nos ater para a herança genética que nos legou a Civilização Guarani de 1626.
Esclarecedoras pinceladas a esse respeito nos repassa o pesquisador paraguaio Bartolomeu Meliá, profundo conhecedor in loco da cultura guarani desde o ano de 1969, período em que foi conviver com estes nossos irmãos de região.
Segundo Meliá, o guarani - nome que significa guerreiro -, é um notório caminhante (sendas e trilhas na mata), girando em torno de sua aldeia para armar arapucas dedicadas à caça de animais, busca de favos de mel, colheita da mandioca, enquanto toca flauta.
Esse seu gosto pelo som, aliás, foi um dos atrativos para levá-los à domesticação, empreendido pelas reduções jesuíticas.
Mais ainda, por ser uma civilização de cultura essencialmente oral, as palavras ditas tem o poder de lei para os guarani.
Por aí, chegamos ao seu idioma. A linguagem conhecida guarani remonta há cerca de 3.000 anos antes de nossa era, mas a origem desse tronco fonético Tupi-Guarani retroage a mais de 5.000 anos.
Existem cerca de oito famílias do idioma, ramificadas em outras 28!
O Povo Mbyá, do qual originou Nheçu, se esparramava numa vasta região que incluía a Argentina, o Brasil e o Paraguai.
Essa grande diversidade dialetal, em que são reconhecidos pelo menos seis idiomas, se deve ao já citado hábito de caminhante do povo guarani, que se afastava para outros rincões da mata, onde havia mais abundancia de comida, sendo a imensa “nação” guarani um resultado desses meios de vida.
A comida era uma preocupação tão grande entre esse povo que a primeira palavra guarani registrada em idioma castelhano foi “avati” (milho) por Diego García, em uma carta de 1530.
Bartolomeu Meliá esteve na Unisinos, em São Leopoldo, dia 26 de outubro de 2010, durante o 12 Simpósio Internacional – A Experiência Missioneira: território, cultura e identidade, onde ministrou a palestra A cosmologia indígena e a religião cristã: encontros e desencontro de universos simbólicos.
Esclarecedoras pinceladas a esse respeito nos repassa o pesquisador paraguaio Bartolomeu Meliá, profundo conhecedor in loco da cultura guarani desde o ano de 1969, período em que foi conviver com estes nossos irmãos de região.
Segundo Meliá, o guarani - nome que significa guerreiro -, é um notório caminhante (sendas e trilhas na mata), girando em torno de sua aldeia para armar arapucas dedicadas à caça de animais, busca de favos de mel, colheita da mandioca, enquanto toca flauta.
Esse seu gosto pelo som, aliás, foi um dos atrativos para levá-los à domesticação, empreendido pelas reduções jesuíticas.
Mais ainda, por ser uma civilização de cultura essencialmente oral, as palavras ditas tem o poder de lei para os guarani.
Por aí, chegamos ao seu idioma. A linguagem conhecida guarani remonta há cerca de 3.000 anos antes de nossa era, mas a origem desse tronco fonético Tupi-Guarani retroage a mais de 5.000 anos.
Existem cerca de oito famílias do idioma, ramificadas em outras 28!
O Povo Mbyá, do qual originou Nheçu, se esparramava numa vasta região que incluía a Argentina, o Brasil e o Paraguai.
Essa grande diversidade dialetal, em que são reconhecidos pelo menos seis idiomas, se deve ao já citado hábito de caminhante do povo guarani, que se afastava para outros rincões da mata, onde havia mais abundancia de comida, sendo a imensa “nação” guarani um resultado desses meios de vida.
A comida era uma preocupação tão grande entre esse povo que a primeira palavra guarani registrada em idioma castelhano foi “avati” (milho) por Diego García, em uma carta de 1530.
Bartolomeu Meliá esteve na Unisinos, em São Leopoldo, dia 26 de outubro de 2010, durante o 12 Simpósio Internacional – A Experiência Missioneira: território, cultura e identidade, onde ministrou a palestra A cosmologia indígena e a religião cristã: encontros e desencontro de universos simbólicos.
Assinar:
Postagens (Atom)